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  • Foto do escritorRita Sousa

Ferramenta Didática e Multidisciplinar!

Atualizado: 14 de fev. de 2022

A evolução do ensino-aprendizagem está em nossas mãos e afirmo que é possível despertar o interesse entre os estudantes e a vontade de lecionar nos docentes com ferramenta alternativa, capaz de transformar aulas em verdadeiras experiências, que vai além do decorar e apresentar respostas “prontas”, mas sim, estimular questionamentos, construir saberes e preparar pessoas mais conscientes e sensíveis: a Observação de Aves.


-Rita, você só pensa em passarinho?!


Alunos focados na aula

Claro, até porque são diversos artigos científicos que provam a aceitação do método entre professores e alunos, assim como a eficiência no processo de aprendizado. Há também a minha vivência, como observadora, professora e condutora de ecoturismo, afirmo que essa prática é recomendada para qualquer idade e pode ser integrada às disciplinas obrigatórias no currículo escolar.


Enfim, a ciência já recomenda a Observação de Aves, Santos e Carvalho (2015) afirmam que essa prática é eficaz para a Educação Ambiental, devido a admiração que a maioria das pessoas sente pela avifauna. Eles ainda destacam a facilidade de aplicação da atividade, pois as aves estão em todos os ambientes, até mesmo em centros urbanos. Os autores citam divers3as vantagens como; o fortalecimento dos laços entre alunos e professores; o fato da prática ser multidisciplinar e; por alterar a relação humano-natureza, pois desperta nos estudantes o interesse aos outros elementos naturais. Os pesquisadores finalizam o artigo da seguinte forma:


“Seja pela ciência, pela educação ou simplesmente por prazer, a observação de aves tem crescido a cada dia e pode ser considerada como um efetivo instrumento de aprendizagem. Nessa atividade o observador investiga o meio em que vive por puro prazer, conhecendo cada vez mais o ambiente em que se encontra, o que faz com que perceba a necessidade de protegê-lo como forma a garantir um futuro melhor para as próximas gerações”


Para Costa (2007) a Observação de Aves não é apenas uma alternativa pedagógica, o autor afirma que a atividade viabiliza a concepção antropológica-filosófica e holística, pois é possível trabalhar o “saber” e o “sentir” integrados às disciplinas escolares. O pesquisador conclui ainda que introduzir a observação de aves no ensino auxilia a percepção da relação homem-natureza, valorizando a biodiversidade nativa, a cultura e o lúdico. Ele também alerta sobre a condução responsável dos docentes, para evitar danos às comunidades de aves encontradas durante as aulas. Ele afirma que popularizar essa prática pode reduzir problemas como o tráfico de animais silvestres e a caça.


Incrível hein! Como você já sabe, nós brasileiros compartilhamos o território com quase 2 mil espécies de aves e que apesar de os passarinhos terem asas, nem todos são destemidos e se jogam para o céu, alguns vivem em áreas tão pequenas e frágeis que é necessário ter muito cuidado quando tentamos visitar esses seres, afinal, a ideia é sempre colaborar com a vida.


Há também muitas aves que conseguiram adaptar seus hábitos e vivem até em zona urbana. Isso quer dizer que você pode começar a observar aves até através da janela de seu apartamento. Recebo mensagens diariamente de amigos, clientes e curiosos que relatam alguma “aparição” dos seres graciosos até na famosa avenida Paulista (área extremamente urbanizada na cidade de São Paulo).


E se é possível para quem vive em grandes metrópoles, imagine para quem está em pequenas cidades e/ou próximo das áreas naturais. Neste universo da Observação de Aves, é possível trabalhar geografia, matemática, história, artes, ciências, idiomas, tecnologias e até a sensibilidade, algo negligenciado em qualquer grade curricular.


Um pouco sobre meu desabrochar como docente...

Recordo o início da minha carreira como professora, eu terminava as aulas frustrada, pois eu gerava uma expectativa de resultado da aula que iria ministrar, porém, as crianças respondiam completamente diferente do que eu esperava, pois, estava apegada aos padrões que fui exposta.

A aula era baseada em passar conteúdo escrito para as crianças copiarem, eu explicava (conseguia ver as expressões dos estudantes, 98% estavam no mundo da lua e o restante estava ouvindo, mas não quer dizer que estavam entendendo) e depois fazíamos uma atividade prática relacionada ao conteúdo teórico e eu ainda esperava uma resposta “adulta” de crianças do ensino fundamental.


Foram anos para compreender que o erro era meu e não dos pequenos, afinal, a criança enxerga a escola como um lugar onde ela precisa ir, pois, os pais trabalham e ela não pode ficar sozinha, ou ainda, ela entende que deve cumprir essa obrigação, porque todo mundo faz assim.


Já presenciei situações com as crianças relutantes: “mas não quero a escola, porque preciso ir?

Acredite se quiser, mas ouvi as seguintes respostas: “você precisa ir para a escola”; “você tem que estudar para ter uma profissão” ou ainda, “você quer ser burro para o resto da vida?”.


Como é explícito, o diálogo é falho entre todos envolvidos e acredito que nós adultos somos os maiores responsáveis, pois somos acomodados ao que é imposto e dificilmente buscamos soluções para criarmos situações distintas. A inovação deve ser incorporada, precisamos envolver o estudante para que ele trabalhe com o professor além da construção do conhecimento, isso aprendi durante a minha vida pessoal e profissional, dentro e fora da academia.


Alunos envolvidos durante o processo de aprendizado

Hoje compreendo que independente do cargo ou relação, não somos donos da verdade, estamos todos evoluindo. Eu só consegui atrair a atenção e o esforço dos meus alunos quando esqueci minha titulação acadêmica e coloquei-me no lugar daqueles pequenos e começamos a brincar de “pesquisadores” analisando passarinhos. Isso transformou as aulas entediantes em encontros desejados e esperados.


Após 3 anos do encerramento do projeto na escola Lumiar, ainda encontro pais de alunos que dizem: "falamos de você ontem, minha filha sempre fala que sente falta das suas aulas" ou ainda; "quando pergunto para meu filho, onde ele aprendeu isso, ele responde, com a professora dos passarinhos" ... você consegue compreender que a afinidade das crianças e dos pais não tem nada com a professora Rita? Mas sim, com a ferramenta que utilizei! Envolveu as crianças ao ponto de tornar as vivências inesquecíveis.


Você professor que chegou até aqui, fica a dica de ouro: Desenvolva um projeto ornitológico com seus alunos, mas antes, pesquise e estude sobre as Boas Práticas na Observação de Aves. Promova a educação mas com sensibilidade perante o "objeto" de estudo.


Deixo um vídeo introdutório sobre Boas Práticas para você (Clique AQUI) e qualquer dúvida, faça sua inscrição e comente. Será um prazer ter você com a gente!


Bibliografia Citada:

Costa (2007) - link

Santo e Carvalho (2015) - link



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