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Foto do escritorRita Sousa

Desenvolvimento pessoal através da observação de aves

Essa história mostra como podemos combater a crise ambiental através das pequenas atitudes e quais os 5 hábitos para aderir durante as passarinhadas que vão melhorar sua qualidade de vida.


Neste último dia do ano (escrevo essas linhas 31 de dezembro de 2022) a maioria das pessoas fazem listas com desejos e sonhos para o próximo ciclo.


As promessas incluem exercícios físicos, alimentação saudável, estudar, organizar rotinas entre tantos outros desejos de melhora.


Os motivos podem estar ligados à família, profissão, autocuidado e até mesmo, saúde ambiental.


Como você pode perceber, todos têm ao centro uma emoção, um sentimento forte que conhecemos pela palavra “amor”.



Poético, mas será que ter atitudes pautadas somente em que nós achamos ser o melhor, realmente é?


Para ilustrar, trago uma situação que aconteceu há alguns meses. Moradores de prédios me procuraram para sanar dúvidas sobre aves de rapina que estavam vivendo na área.


Uma das preocupação era se as aves poderiam comer os pets (gatos e cachorros).


Para elaborar a consultoria, pesquisei dados científicos e consegui mostrar que eles poderiam ficar tranquilos. Só que nessa busca, encontrei números alarmantes.


Para você ter uma ideia, há estimativas que 33 bilhões de aves morrem por ano nos Estados Unidos somente por predação de gatos domésticos.


Fiquei chocada e aproveitei a pesquisa para fazer um post pra levar o problema ao público, mas também para propor soluções.


Nisso uma senhora (vou chamá-la de Dona L.) entrou em contato dizendo que não manteria o gato dela preso por ser ridículo.


Na visão da Dona L. manter o gatinho em casa é cruel e que o gato comer aves faz parte da cadeia alimentar.

Assumo que ao ler, subiu um certo "desespero" e vontade de expor todas as evidências científicas, mas diferente do gato e da Dona L. não respondi por instinto. Simplesmente, li, pensei e tentei me colocar no lugar dessa senhora.


Será que ela tem expectativa de vida? Ela teve acesso a tantas informações e vivências que eu tive? Será que ela sabe a importância da manutenção da biodiversidade? Ela tem filhos, netos? Ela entende que para seus descendentes viverem é preciso de ar, água e natureza?


Hummmm, provavelmente não, como eu poderia exigir uma atitude responsável e sensível de alguém que não tem a mesma história de vida que a minha? Eu tive o privilégio de frequentar uma universidade por 7 anos entre graduação, especialização e mestrado.


Nos últimos tempos estudo ornitologia e conservação da natureza 9 horas/dia no mínimo.

Não tem como exigir da Dona L. a mesma postura.


O trágico nisso tudo é que não é apenas uma pessoa, segundo dados do Instituto Pet Brasil (2022) ao final de 2021 nosso país tinha 27,1 milhões de gatos com donos e com cadastro.


Se cada gatinho brasileiro caçar somente 1 passarinho por dia, ao final de um ano teremos 9.756 bilhões de aves a menos, isso sem contabilizar as mortes por cães, vidros (que também revelam números alarmantes e ainda falarei sobre num outro texto) ou gatos que vivem abandonados ou os da roça e que não foram contabilizados no estudo em questão.


Estamos falando de 9 bilhões de aves que se alimentam de insetos, que polinizam flores que dispersam sementes e que são extremamente importantes no ciclo ambiental, elas sim fazem parte da cadeia alimentar.


Já os animais domésticos não estão inclusos no ciclo de manutenção da vida. Eles existem só para trocar amor e carinho com a gente.


Que fique claro, não sou contra animais domésticos. Aqui em casa, temos três cachorros adotados da rua. Meu irmão, tem 7 gatos dentro de um apartamento e a gatinha mais velha dele pedia para passear, claro que ela saia de coleira (sempre adorei isso na Lay).


Tá vendo como dá pra ter o amor e a liberdade juntos? Tenho uma amiga que elaborou um gatil para eles ficarem livres no quintal.


Ah, mas também tenho amigos que sofreram com a morte de seus pets. Por ficarem soltos e frequentarem casas de outras pessoas, foram mortos. Eu tive um cachorro que desapareceu, sei de uma vizinha que teve dois gatos envenenados, outra teve o gato quase morto por um cachorro e ficou todo machucado.


Perceba que deixar nossos animais domésticos soltos pode ser cruel para eles e para nós. Quem gosta de ver seu melhor amigo em sofrimento? Espero que ninguém.


De qualquer forma, essa história com a Dona L. mostrou que se ela soubesse identificar as diversas espécies de aves que vivem por ali, essa senhora saberia valorizar o privilégio que ela tem.



Tenho certeza que ela mudaria a postura quando percebesse que o "inofensivo gatinho” caça a biodiversidade.


Provavelmente Dona L. seria mais empática em conflitos de ideias, seria mais feliz pela produção de hormônios durante a observação de aves. Buscaria informações científicas antes de agir somente pela emoção.


Claro que não há fórmula pronta para conviver em harmonia com essa biodiversidade. Entretanto, as aves têm este poder de nos fazer perceber a existência de um mundo ecologicamente interligado e que há muito mais além do nosso próprio umbigo.


Por mais que você ame a natureza, é preciso entender qual bioma você vive, que tipo de vegetação nativa há no entorno da sua casa, quais espécies de aves vivem ao seu redor, para assim, as ações serem de fato sustentáveis.


Conhecer as espécies é o primeiro passo nessa mudança pela resiliência. Por isso, coloque em suas metas a prática de observar aves. Lembre-se, que não é apenas admirar. Amor sem informação, pode resultar em caos (lembre-se da Dona L.)


Então, fica aqui a sugestão de boas práticas e novos hábitos que você pode adotar durante o birdwatching e que te ajudam no desenvolvimento pessoal:

1° aprenda a respeitar a liberdade da ave e mantenha distância, isso ajuda a combater a ansiedade e desejos momentâneos;


2° evite o uso de playback, ter essa consciência e postura, promove a calma e estimula a serenidade, afinal, tudo tem seu momento, até mesmo, encontrar a espécie dos sonhos;


3° seja cordial com pessoas que não tem acesso às informações que você tem, tente despertar o respeito às aves e a natureza através da empatia;


4° aprenda a reconhecer as espécies e promova a ciência cidadã, afinal, seu momento de lazer pode impulsionar projetos de conservação da natureza e;


5° aproveite as passarinhadas para fazer exercício físico e colocar o corpo e a mente em movimento, isso irá melhorar até sua saúde emocional.


Tá vendo como passarinhar é muito mais que admirar passarinhos?

Juntos podemos combater a crise de biodiversidade e de ansiedade.


Desejo Happy Birding por seu 2023…


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