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  • Foto do escritorRita Sousa

O que é birdwatching?

Atualizado: 27 de fev. de 2022

O termo tem origem inglesa e é reconhecido no mundo inteiro, mas para nós (brasileiros), chamamos carinhosamente de “passarinhar” a atividade de observar aves. Ela tem diversas modalidades, mas com a popularização da fotografia, muitas pessoas acreditam que para tornar-se um Observador de Aves, precisa de investimento financeiro considerável.



Este ponto de vista é um equívoco que até impede as pessoas de começar a observar passarinhos e aderir a este estilo de vida. Saiba que você pode passarinhar hoje mesmo usando apenas o celular. Basta ter memória suficiente para baixar aplicativos que serão grandes aliados no seu desenvolvimento com o estudo das aves (ornitologia).


A literatura menciona que o birdwatching originou-se na Inglaterra durante o século XVIII, entretanto, os Povos da Floresta estão nessas terras há muito tempo e são oficialmente, os primeiros observadores de aves do Brasil, visto que eles já possuíam seu próprio sistema de classificação, isso sem binóculo e qualquer facilidade disponíveis nos dias atuais.


Por isso, deixarei as discussões históricas no passado e trago minha visão sobre o que é birdwatching com sugestões para você começar agora mesmo, afinal o acesso às informações está na palma da mão.


Observação de Aves

Como reconhecer espécies de aves? Como saber nome de passarinho? O que preciso saber para diferenciar espécies de aves?
Alguns nomes encontrados na Morfologia das Aves.

Apesar do termo sugestivo, não basta somente apreciar a ave, a atividade envolve o estudo das formas das aves (morfologia) e o mais interessante, é que a maioria das pessoas aprendem a fazer tal diferenciação, quase que instintivamente, só pelo “jeitão” da ave.





Reconhecer as Espécies

Saber diferenciar características físicas, comportamentais e até sonoras é uma habilidade que pode ser desenvolvida por qualquer pessoa, desde que tenha vontade e interesse.


Você pode estudar com auxílio do Merlin, um aplicativo gratuito que apresenta muitas funcionalidades. Os pacotes de aves são organizados por regiões geográficas e cada espécie tem uma página com fotos, informações básicas, cantos, chamados e até área de ocorrência. Já falei bastante dessa ferramenta e até montei uma aula especial para você utilizar a plataforma de forma proveitosa. Salve o vídeo para assistir mais tarde.


Reconhecer envolve identificar, saber o nome, mas… tenho que contar um segredo: os nomes dos passarinhos são variáveis. Existe nome popular, vernacular e científico. O primeiro é como os povoados reconhecem determinada espécie em tal localidade. Já o vernacular, seria um “apelido” em qualquer parte do território nacional e também na página de buscas do WikiAves. O nome científico é mais detalhado e específico, normalmente recebe dois nomes.


Por exemplo, o bem-te-vi (vernacular) é reconhecido com o nome científico de Pitangus sulphuratus e em alguns lugares do nordeste brasileiro seu nome popular é cirino.


Quem regulamenta e divulga isso de forma voluntária em nosso país é o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), composto por cientistas que pesquisam e relacionam a evolução da sistemática da avifauna brasileira e a organizam em uma lista de espécies. Vale mencionar que as mudanças taxonômicas são aceitas por votação.


Como aprender os nomes?

Eu comecei a estudar identificação de espécies no Instituto Florestal do Estado de São Paulo (com botânica em 2006), o primeiro contato era sempre o nome científico e foi bem mais difícil. Hoje com as aves faço o contrário, assimilo o nome vernacular e só depois estudo o nome científico, busco compreender o significado das palavras para relembrar o nome (essa é uma das técnicas de memorização).


O que fazer durante a passarinhada?

Todo registro é um jeito de observar aves. Dá para elaborar listas de espécies, fotografar, gravar cantos, anotar comportamentos, desenhar, criar poemas, enfim, toda observação e experiência é válida.


Como organizar os registros?

A tecnologia está formando novas “redes colaborativas”, onde interessados pelos registros de aves e até de outros grupos taxonômicos, submetem suas observações para diferentes plataformas, como Wikiaves, e-Bird, Biofaces, Xeno-canto dentre outras.


Submeter seus dados para essas plataformas é benéfico para todos, você consegue acompanhar seu desenvolvimento e manter tudo organizado, ainda contribui para o avanço da ciência e até de políticas públicas. Já contei aqui no blog sobre o caso Tanquã neste artigo, verdadeira inspiração de ação voltada à preservação da natureza, com participação da comunidade de observadores de aves.


Onde passarinhar?

A observação de aves pode ser realizada em áreas naturais ou urbanas, há muitas espécies que conseguiram adaptar seus hábitos às cidades.

“ Ah Rita, mas onde moro só tem pardal e pomba”.


Então, convido você a olhar atentamente esta imagem:


Descubra quais espécies de aves já foram observadas perto de você, através da plataforma eBird.
Fonte: Hotspot Explorer, 2022. Disponível em: https://ebird.org/hotspots

Os pontinhos em forma de gotas, são locais com listas de espécies enviadas a plataforma eBird (página de buscas aqui). Quanto mais quente as cores, eleva-se o número de espécies observadas. O ponto laranja (topo do mapa) é a Região do Parque do Ibirapuera (São Paulo) com 209 espécies registradas.


Na mesma área, há o Viveiro Manequinho Lopes (ponto verde) que conta com 127 espécies. Entretanto, repare o ponto verde da Escola Aberto Levy (parte inferior do mapa) com entorno totalmente urbanizado, a lista já está com 123 espécies de aves contabilizadas. Resumindo, as aves estão em todos os lugares e essa imagem é a prova disso.


Talvez o que falte é um pouco de percepção, eu já vivi em capitais (São Paulo e Curitiba) e naquela época, não tinha a menor noção sobre aves e agora quando retorno aos mesmos locais, vejo o quanto estava “cega e surda”. Enfim, todo ambiente reserva suas particularidades, basta olhar e ouvir atentamente.


Lazer ou Profissão?

Quem busca descansar vendo passarinhos, pode ter metas e objetivos diferentes.

Há quem começa a fotografar aves e vicia em registrar mais e mais espécies diferentes, tem quem prefira usar apenas o binóculo e outros só o celular… independente do jeito, todos queremos viajar para conhecer a biodiversidade.


Passarinhar é relaxar, mas também é profissão. Eu, por exemplo, desenvolvo diversos tipos de serviços e consultorias voltados à ornitologia. Realizo monitoramento da avifauna em pousadas, ofereço treinamentos destinados aos guias, ministro cursos de birdwatching, atendo pousadas e agências de ecoturismo para acompanhar os visitantes na Serra da Mantiqueira que desejam "passarinhar".


O guia de birdwatching não precisa ser formado na área, mas dependendo da atuação profissional, deverá cumprir o protocolo exigido por lei, cursar graduação (biologia, veterinária, ecologia entre outros), pós-graduação e ter registro no respectivo conselho profissional (este é meu caso).


Passarinhar é Cultivar…

Talvez a forma mais gostosa de passarinhar seja fazer refúgios para as aves em ambientes urbanizados, conhecidos como jardins. Essas pequenas “ilhas” verdes são verdadeiros oásis para as aves que vivem na região ou que estão simplesmente passando.

Onde moro, cuido do jardim com o objetivo de tornar um lugar melhor para as aves, ofereço as plantas, água, frutas e sementes aos passarinhos. São os “fast food” de sanhaços, saíras, sabiás, bem-te-vis, canários e até periquitos-rei. Conviver com aves livres, que chegam por confiança (elas me observam) é uma sensação gigantesca de paz.








Quero Começar Amanhã!

Fico feliz que chegou até aqui e com vontade de fazer sua primeira passarinhada. Vou dar as dicas essenciais que poderão fazer a diferença.


1° - Entre no WikiAves e veja as últimas fotos feitas em seu município, ali você já terá uma ideia do que poderá encontrar no dia seguinte;


2° - Separe um caderno ou bloco de notas, para começar anotar tudo o que você encontrar pela frente;


3° - Escolha um local especial, prefira ambientes mais naturais e menos antropizados, entretanto, não recomendo ter sua primeira experiência em floresta fechada, é mais difícil localizar a ave;


4° - Coloque o despertador. As aves ficam bem ativas nas três primeiras horas do dia. Por exemplo, estou em pleno verão no sudeste e o sol nasce 5:30h por aqui, então às 5:00h já estou preparada no local.

É possível observar a tarde, entretanto, dependendo de onde você está, poderá haver circulação de pessoas e poluição sonora, o que irá dificultar ainda mais seu primeiro contato com as aves;


5° - Separe roupas com coloração discreta e calçado apropriado. Leve água, lanche, caderno, lápis e celular;


6° - No campo registre tudo: data, hora, local, o percurso que fez, quantidade de indivíduos, comportamentos, espécies… observar aves é fofocar sobre as belezas da vida;


7° - Não sabe reconhecer o passarinho? Anote tudo que for explícito aos seus olhos e tente identificar depois;


8° - Estabeleça um método e anote. Você pode ficar em um ponto fixo (contagem estacionária) ou caminhar (contagem em percurso);


9º - Inscreva-se em nossa newsletter e receba por e-mail conteúdos exclusivos.





Desejo mais passarinhos circulando por seu caminho!


Ave parda que arrebita o rabo? Ave parda que vive em bando encontradas nas cidades.
O Sabiá-do-Campo (Mimus saturninus) pode ser encontrado em cidade, zona rural e em ecossistemas abertos.








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